A idéia de LULA LADRÃO é baseada em algo muito forte no imaginário brasileiro, especialmente na cabeça da classe média.
É a idéia de que não existe nada mais baixo do que ser um ladrão.
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Nesse imaginário de ódio de classes, ser criminoso é algo execrável, não existe nada mais baixo do que cometer um crime, pior ainda ser condenado e/ou ir para a cadeia.
Mas ainda existe uma hierarquia de crimes, onde alguns são piores que outros.
E nessa idéia, o pior crime é ser ladrão. Outros crimes são relevados no, especialmente os de colarinho branco.
Até assassinato é perdoado. Claro, não o latrocínio, pois nele houve também um roubo. Mas se você mata alguém que tentou te roubar, é um herói.
O roubo ordinário é uma consequência da desigualdade social e da pobreza gerada por ela. Quem comete roubo comum, geralmente é o pobre.
Graças em grande parte ao Neoliberalismo, a ideia meritocrática de que alguém é pobre por que quer, ou porque é um vagabundo, é muito forte.
E quem tem algo automaticamente é porque trabalhou e merece.
Isso conecta o pavor que a classe média tem do pobre e da pobreza.
Para seus apoiadores, Bolsonaro não é visto como pobre, portanto não pode ser ladrão.
Mas Lula, que veio de um histórico humilde, pode, e é.
Até a acusação dos supostos crimes de LULA são baseadas no ódio de classes. Onde, ele supostamente sendo o maior ladrão da história desse país, conseguiu apenas um sítio em Atibaia e um apartamento no Guarujá.
Esses lugares, na mente da classe média, não têm nada demais, não são ambiciosos o suficiente. Um monte de gente de classe média tem um sitio ou apartamento na praia. Lula seria tão pobre de dinheiro e espírito que não conseguiu almejar nada além disso.
Xingar o LULA de ladrão é mais uma manifestação do ódio às classes mais baixas e o pavor da classe média de se tornar um membro delas.