Fio para lembrar que é cansativo, mas que que temos que nos mostrar presentes nas ruas toda vez que os fascistas de merda derem as caras.

Nenhuma ação deles deve sair sem resposta, tanto do poder público, quanto nosso, ocupando as ruas e mostrando que o reino de medo que eles querem instaurar não pode acontecer.

A Alemanha sempre é vista como referência na sua limpeza do problema nazi-fascista. Vários foram punidos no pós-guerra, e diversas leis foram implementadas para coibir seu ressurgimento por aqui.

Mas a Alemanha não é perfeita. Ainda há um problema sério de extrema direita aqui. Na política com partidos como AfD e NPD, e nas ruas. O exemplo mais forte disso foi a recente conspiração para derrubar o governo e instaurar um "príncipe" morfético.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conspira%C3%A7%C3%A3o_para_golpe_de_Estado_na_Alemanha_em_2022

Moro em um bairro com uma reputação defazada de abrigar nazistas. Isso vem de uma antiga ocupação nazista que foi dispersada nos anos 90.

https://telegraph.cc/berliner-hausbesetzerinnen-geschichte-das-neo-nazi-haus-weitlingstrasse-122-in-berlin-lichtenberg/

Hoje é um bairro residencial qualquer. É cheio de imigrantes como eu. Tenho vizihos Russos, Palestinos, Poloneses e Mongóis, por exemplo. O bairro também é conhecido pela grande comunidade vietnamita.

https://www.spiegel.de/fotostrecke/lichtenberg-nazi-bezirk-oder-kein-nazi-bezirk-fotostrecke-13939.html

Mas mesmo com esse progresso, a ameaça da extrema direita perdura. Em 2020 nazis colocaram fogo em um bar local, pois pertence a um judeu. Bar que fica a 10 minutos a pé da minha casa.

https://www.tagesspiegel.de/berlin/brandanschlag-auf-berliner-kneipe-morgen-wird-besser-4189645.html

Rapidamente foi organizada uma manifestação de repúdio à presença da extrema direita no bairro. Eu estava lá

Na mesma semana meu pai me ligou do Brasil preocupado de eu estar me expondo para os nazis ao participar desse tipo de manifestação. O que disse a ele, parafraseio aqui.

Fascistas são covardes. Só atacam os mais fracos ou em menor número. Querem justamente instaurar o medo, latindo alto quando estão em grupos contra pessoas sozinhas e vulneráveis. Mas jamais não enfrentam grupos de igual tamanho e força.

Manifestações aqui sempre são acompanhadas da polícia. E, tirando que aqui também há um problema de fascismo nas forças de segurança, nazis gostam de se comportar na frente deles para se fingirem de civilizados.

Mas quando não estão sendo observados, ou estão com a policia ao seu lado, se tornam chacais. A direita acusa os outros daquilo que ela faz, o grande exemplo é o que ocorreu em Brasilia no domingo.

A manifestação depois da queima do bar foi importante para mostrar aos imigrantes do bairro que eles não devem temer os nazis, e que os nazis não são bem vindos.

Já fui em outras manifestações de resposta aqui. Algumas bem sucedidas, outras nem tanto. Mas infelizmente não temos escolha, se ficarmos cansados, com preguiça ou com medo, o outro lado irá prevalecer.

Por isso é importante, como cidadãos, não deixarmos isso passar batido.

Não podemos deixar barato

A idéia de LULA LADRÃO é baseada em algo muito forte no imaginário brasileiro, especialmente na cabeça da classe média.

É a idéia de que não existe nada mais baixo do que ser um ladrão.

Segue o 🧵

Nesse imaginário de ódio de classes, ser criminoso é algo execrável, não existe nada mais baixo do que cometer um crime, pior ainda ser condenado e/ou ir para a cadeia.

Mas ainda existe uma hierarquia de crimes, onde alguns são piores que outros.

E nessa idéia, o pior crime é ser ladrão. Outros crimes são relevados no, especialmente os de colarinho branco.

Até assassinato é perdoado. Claro, não o latrocínio, pois nele houve também um roubo. Mas se você mata alguém que tentou te roubar, é um herói.

O roubo ordinário é uma consequência da desigualdade social e da pobreza gerada por ela. Quem comete roubo comum, geralmente é o pobre.

Graças em grande parte ao Neoliberalismo, a ideia meritocrática de que alguém é pobre por que quer, ou porque é um vagabundo, é muito forte.

E quem tem algo automaticamente é porque trabalhou e merece.

Isso conecta o pavor que a classe média tem do pobre e da pobreza.

Para seus apoiadores, Bolsonaro não é visto como pobre, portanto não pode ser ladrão.

Mas Lula, que veio de um histórico humilde, pode, e é.

Até a acusação dos supostos crimes de LULA são baseadas no ódio de classes. Onde, ele supostamente sendo o maior ladrão da história desse país, conseguiu apenas um sítio em Atibaia e um apartamento no Guarujá.

Esses lugares, na mente da classe média, não têm nada demais, não são ambiciosos o suficiente. Um monte de gente de classe média tem um sitio ou apartamento na praia. Lula seria tão pobre de dinheiro e espírito que não conseguiu almejar nada além disso.

Xingar o LULA de ladrão é mais uma manifestação do ódio às classes mais baixas e o pavor da classe média de se tornar um membro delas.

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